Wednesday, December 21, 2016

Opinião: "Aniquilação" de Jeff Vandermeer




Olá meus queridos leitores.

Já alguma vez leram "o Deus das moscas" de William Golding?. O livro que acabei de ler e para o qual estou a escrever esta opinião, tem algumas semelhanças com essa obra. Todas as pessoas que eu conheço e que o leram, ou adoraram ou detestaram. Só vejo uma explicação para esse fenómeno. Tal como em "aniquilação", podemos pegar no livro e ler "só por ler" ou então, dar-lhe ouvidos e perceber onde o autor quer realmente chegar com a história.
Não foi só por essa razão que os achei semelhantes. Há outros componentes, como o ambiente, que também é selvagem e onírico.

Vou criar uma secção de spoilers nesta minha crítica. Encontra-se no fim e quem quiser dar uma vista de olhos, força nisso.

Tenho uma imagem bastante nítida na minha cabeça de toda a paisagem, da torre, do farol, do acampamento... É lindo. A descrição não é muito detalhada, mas consigo visualizar muitos detalhes da área X. A escrita é muito subtil e delicada. É evidente que que o autor esteve bem atento a certos pormenores, como por exemplo, os nomes das nossas personagens (Só vão entender esta referência se o lerem).

As personagens têm uma personalidade bastante transparente para quem lê a obra, mas é quase impossível imaginar o físico destas. O porquê disto, é sem dúvida uma escolha interessante do autor para nos mostrar outro ponto interessante de onde ele quer chegar.
Não fiquem desiludidos se chegarem ao fim e não entenderem tudo! Ainda há dois livros pela frente e tudo será explicado a seu tempo.

No geral, gostei muito do que li. Houve muita coisa que me impressionou e houve muitas outras coisas que me deixaram com dúvidas e com dores de cabeça. Adorei o livro mas não foi prefeito para mim apenas por uma razão. Achei o final muito confuso. De repente começaram a acontecer muitas coisas ao mesmo tempo, e não consegui imaginar muito bem o que se estava a passar.

Secção com spoilers.

Nesta secção vou falar, muito brevemente, de alguns aspectos que vão fazer com que compreendam melhor a história. E também partilho com vocês, algumas frases que gostei.

Bem, vou começar pelo porquê de as personagens não terem nomes próprios.  Estive até quase ao fim do livro a interrogar-me sobre isso. Mas chegamos a um ponto em que o autor ( ou o narrador, que neste caso é a bióloga) decide explicar: "Havia meses que não via ou ouvia um nome (...) ver um ali incomodou-me profundamente. Parecia errado, como se não pertence-se à área X. (...) Sacrifícios não precisavam de nomes". Penso que esta frase explica tudo. 


 A vida, tanto para a bióloga como para as suas colegas, difunde-se entre a realidade e uma dimensão utópica. Ao longo da história, elas vão tendo de cada vez mais, uma percepção, um tanto distorcida, do que é real e o que não é. Mas no entanto, a versão onírica dos acontecimentos, vai ao mesmo tempo, aclarando a visão da bióloga. Para esta personagem, temos um "background" muito mais detalhado. Na verdade, tanto a antropóloga como a psicóloga e a topógrafa, não têm passados. Apenas temos conhecimento do passado da bióloga. Sabemos o porquê de ela ter partido nesta expedição e também é-nos dado um vislumbre de quem é realmente esta personagem, como um ser humano, alerta e consciente.
É aqui feito também, um "jogo" de verdade ou consequência que levanta imensas questões. Estas mulheres, que se voluntariaram a descobrir a área X, estavam realmente aptas para seguir nesta descoberta? O envio destas pessoas de encontro a algo aparentemente tão perigo, foi feito de forma a enviá-las, propositadamente, para a morte? O que aconteceu realmente às pessoas que visitaram anteriormente a área X?
Tenho tantas questões. E por saber que vou poder obter essas respostas nos próximos livros, dá-me uma enorme vontade de os ler.
 Não quero estar a falar demasiado, correndo o risco de estragar esta leitura a alguém, por isso deixo-vos em baixo umas frases e a minha classificação:


" Com o tempo, algumas casas tinham deslizado para o canal à esquerda, e os seus vestígios semelhantes a esqueletos faziam-nas parecer criaturas que se debatessem por sair da agua"

"(...) algumas questões, quando não lhes encontramos resposta durante muito tempo, podem dar cabo de nós"


Entre as frases que gostei, podem ver esta publicação referente à frase da semana:

https://maggieawesomebooks.blogspot.pt/2016/12/frase-da-semana.html


Recomendo este livro a quem goste de ficção cientifica e a quem goste de livros que joguem um pouco com os porquês da nossa existência.  Vão adorar a forma como são colocadas certas questões: Como age o ser humano quando se encontra sob os limites da resistência da sua mente e como o ser humano age quando se depara com o desconhecido. 

O próximo livro sai já em Janeiro, por isso, estejam atentos :)

A minha classificação:





Com o apoio:





6 comments:

  1. Olá,

    gostei muito da tua crónica!

    Infelizmente nunca li o O Deus das moscas de William Golding, uma falha que vou ter que corrigir.
    Gosto muito de Jules Verne e dos seus livros cheios de aventuras fantásticas e exploratórias, parece -me que este livro vai de encontro ao mundo Verniano, e por isso acho que faz todo o sentido lê -lo ;)

    Boas leituras!

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  2. Gostava de ler. Parece um livro interessante e que nos faz pensar.

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  3. Já tenho cá em casa mas ainda não lhe peguei, estou à espera dos restantes.
    Prefiro ler trilogias e sagas quando já estão completas :)

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  4. Fiquei com bastante curiosidade e interesse em ler !

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  5. Gosto muito deste género de livro, fiquei muito interessada em ler!

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