Opinião de "Contos de Cães e Maus Lobos" de Valter Hugo Mãe

Opinião de "Contos de Cães e Maus Lobos" de Valter Hugo Mãe

Sinopse: A escrita encantatória de Valter Hugo Mãe chega ao conto como uma delicadíssima forma de inclusão. Estes contos são para todas as idades e são feitos de uma esperança profunda.

Entre a confiança e o receio, cães e lobos são apenas um símbolo para a ansiedade perante a vida e a fundamental aprendizagem de valores e da capacidade de amar. Entre a confiança e o receio estabelecemos as entregas e a prudência de que precisamos para construir a felicidade.

Opinião:  Existem livros que nos deixam sem palavras, histórias que nos obrigam a olhar para lado nenhum e reflectir. É fantástico quando isso acontece, ficamos a conhecer um pouco mais do mundo que nos rodeia... 

Valter Hugo Mãe consegue provocar esse sentimento em todos os 11 contos presentes neste livro. Todos eles exigem uma atenção e reflexão especial. São histórias que expõem vidas e nos convidam a partilhar sentimentos e nos descolarmos de nós próprios.

Ao ler estes contos é impossível ficar indiferente ao esforço feito pelo autor para criar empatia entre o leitor e as personagens.

A escrita de Valter Hugo Mãe é única. A atenção que dá a cada palavra é evidente, o que é de enaltecer.

Todos os contos são acompanhados por desenhos excepcionais de artistas plásticos portugueses. É o tipo de livro que, sem dúvida, chama à atenção numa livraria.

Deixo-vos algumas citações de alguns dos contos de que mais gostei:

"A menina que carregava bocadinhos":

"A patroa, desesperada para a surpresa, ordenou-lhe que fosse embora, que (...) se arranjasse nas vestes que lhe competiam. Ser bonita estava absolutamente fora das suas competências. Não eram modos para uma criada (...)."

"O rosto":

"O rosto começa onde se vê e vai até onde já não há luz nem som. Por isso, por mais que observemos, ainda muita coisa nos há-de escapar e o importante é que estejamos tão atentos quanto possível para nos conhecermos uns aos outros."

"Bibliotecas":

"Mesmo os contos, de pequenos não têm nada. Se os soubermos entender , crescemos também, até nos tornarmos monumentais pessoas. Edifícios humanos de profundo esplendor."

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